Esse é um caminho sem volta, refletem os que se encontram ali.
O peso do ar torna o salão quente e quase irrespirável. Somando a preocupação iminente e a urgência com que a reunião foi convocada, o ambiente não parece em nada com o que o Sinédrio costuma ser. Embora as discussões ali dentro, algumas vezes, tomem ares mais exaltados, nenhuma delas chegou perto de ser tão importante quanto essa. Porque, quando ela acabar, o futuro estará decidido.
“Que estamos fazendo, uma vez que este Homem opera muitos sinais?” Ergue-se a voz entre sacerdotes e fariseus, revelando o que todos gostariam de saber.
Acontece que nos últimos meses certo Rapaz iniciou uma peregrinação milagreira pelas terras dos judeus. No princípio, apenas poucos amigos O seguiam. Mas rápido uma multidão passou a acreditar em Seus poderes sobrenaturais, em Sua inteligência fora de série e em Suas palavras confusas, que poucos podem entender.
E o medo de perder seus súditos para um concorrente que desrespeita os ensinamentos milenares e os mais altos religiosos da região já é enorme.
“Se o deixarmos assim, todos crerão nele; depois, virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria nação.”
Cada palavra é seguida por um murmúrio de aprovação e logo se transforma numa enxurrada de vozes desencontradas, todas querendo dizer a mesma coisa, sem que nenhuma tenha a coragem de carregar o peso das palavras. Isso até que Caifás, o sumo sacerdote, levanta-se.
“Vós nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação.”
No fundo de seus corações, sabem eles que aquilo mais tem a ver com proteção própria do que com a proteção do povo. Entretanto, todos concordam e não há mais volta. Está decidido: Jesus, o nazareno, morrerá.
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